27.7.09

Arnaldo Antunes: "Inclassificáveis"

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que preto, que branco, que índio o quê?
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê?

que preto branco índio o quê?
branco índio preto o quê?
índio preto branco o quê?

aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos mamelucos sararás
crilouros guaranisseis e judárabes

orientupis orientupis
ameriquítalos luso nipo caboclos
orientupis orientupis
iberibárbaros indo ciganagôs

somos o que somos
inclassificáveis

não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,

não há sol a sós

aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos tapuias tupinamboclos
americarataís yorubárbaros.

somos o que somos
inclassificáveis

que preto, que branco, que índio o quê?
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê?

não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,
não tem cor, tem cores,

não há sol a sós

egipciganos tupinamboclos
yorubárbaros carataís
caribocarijós orientapuias
mamemulatos tropicaburés
chibarrosados mesticigenados
oxigenados debaixo do sol



ANTUNES, Arnaldo. "Inclassificáveis". Letra de canção. In CD O silêncio. Gravadora BMG, 1996.

11 comentários:

Anônimo disse...

lindoooo!

bj,

F.

BAR DO BARDO disse...

mix
&
max

Marcelo Pereira disse...

Lindo e oportuno, embora funcione melhor acoplado à música. E ainda me lembra o filme Palavra Encantada. Que bom!

Robson Ribeiro disse...

Cícero, eu adoro o Arnaldo.

Outro dia ele esteve no CCBB do Rio para uma apresentação no evento Caminhos poéticos da Canção e foi demais...

Esteve junto com Alice Ruiz.

Grande Abraço!

ADRIANO NUNES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
paulinho disse...

cicero cicero cicero,

sou LOUUUUUUUUCO por estes versos, por esta canção!

estou para enviar o áudio da canção, por e-mail, há algum tempo, mas nunca o faço por já ter mandado a letra, numa seleção de textos do arnaldo.

depois de vê-la aqui, a letra, a vontade voltou (rs).

MARAVILHA a escolha!

os versos dizem tudo e um pouco mais!

beijo beijo beijo!

Jefferson Bessa disse...

Esse trabalho de Arnaldo é precioso. Valeu pela postagem. Um abraço. Jefferson

Anônimo disse...

Linda lembrança !

Cicero , você vai estar na 1ª Bienal Internacional do Livro de Curitiba ?

C.

M.Engler disse...

Cicero ,
acho esse video um presentão !

http://www.youtube.com/watch?v=G-fTaaoSdVU

Obrigada
por presentes como esse e por esse espaço/blog que vai além

Bj

Arthur Nogueira disse...

Querido Cicero,

adorei o post, essa canção de Arnaldo é ótima. Recentemente, assisti ao show de Ney Matogrosso e foi arrepiante vê-lo interpretar essa música.


Um beijo grande.

Antonio Cicero disse...

Vou estar na Bienal de Curitiba sim.