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E tu meu coração por que bates
Feito um atalaia melancólico
observo a noite e a morte
Et toi mon coeur pourquoi bats-tu
Comme un guetteur mélancolique
j'observe la nuit et la mort
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18.4.09
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BLOG DE ANTONIO CICERO: poesia, arte, filosofia, crítica, literatura, política
9 comentários:
Amado Cicero,
Lindo! Não bate... Apenas, como um pássaro preso numa gaiola, grita de desepero. Quem o ouve, compreende bem o ritmo da vida, a métrica pulsante da morte!
Beijo imenso!
Adriano Nunes.
Caro Antonio Cícero,
Perante a beleza deste poema de Apollinaire, ocorreu-me este outro de Eugénio de Andrade:
«DESPEDIDA
Colhe
todo o oiro do dia
na haste mais alta
da melancolia.»
As minhas saudações póeticas,
Domingos da Mota
Cicero,
A formação reticular fica no tronco encefálico e é uma das responsáveis pelo estado de consciência. Uma lesão nela pode levar o indivíduo ao coma.
"FORMAÇÃO RETICULAR"
SOU
SÓ
METADE
DE MIM.
MEU SER SOFRE
MUITO ASSIM:
MORRENDO SEMPRE
AOS POUCOS. POBRE
ALMA ANGUSTIADA!
QUERES MESMO O FIM?
APENAS MEU POEMA
PROVA-ME VIR DO NADA.
DEPOIS, DEVOLVE-ME, CRENTE
DE QUE ESTOU FELIZ, A SORTE
DE NUNCA SABER POR QUE O FIZ!
Abraço forte!
Adriano Nunes.
Caro Cicero,
Poema lindíssimo. Interessante que o trecho "Feito um atalaia melancólico" está ligado sintaticamente ao trecho que o antecede ("E tu meu coração por que bates") e ao trecho que o sucede ("observo a noite e a morte"), ou seja:
(1) E tu meu coração por que bates feito um atalaia melancólico
(2) Feito um atalaia melancólico observo a noite e a morte
Dois sujeitos aparecem: em (1) o sujeito é o coração e em (2) há o sujeito oculto (será pelas pancadas do coração?) eu.
A ausência de pontuação permite esses efeitos incríveis no poema, essas constelações.
Podemos também pensar no coração pulsando sem obedecer a uma consistência discursiva, a uma coerência sintática.
Enfim, como em todo bom poema, há uma infinidade de interpretações possíveis...
Grande abraço,
Carlos Eduardo
Amado Cicero,
Um poema da memória ou da invenção poética?
"LEMBRANÇA"
ALTO VOOU, LIGEIRO,
PASSANDO PELOS QUARTOS,
VINDO DA ESCURIDÃO
DESSA NOITE, CANSADO,
UM ALEGRE MORCEGO.
BEM VELOZ, FOI, SOZINHO,
MEIO SEM JEITO, TONTO,
TOMBANDO, TROPEÇANDO
EM TUDO, PELO TETO,
VARRENDO TODA A CASA.
CAUSOU-ME MEDO, O VÔO,
CONVULSO, IMPREVISÍVEL,
DESSE AÉREO MAMÍFERO,
DESSE VAMPIROZINHO .
MINHA VIDA O ASSUSTOU.
SEM SABER QUE CAMINHO
SEGUIR, SEMPRE APRESSADO,
FEZ DO CÉU SEU TEATRO,
PROVOCOU GRITOS, RISOS,
ALVOROÇOS, PRESSÁGIOS.
DEPOIS, PELA JANELA,
FUGIU, SEM VESTÍGIO
DEIXAR... APENAS VERSOS
DO SONHO DE PODÊ-LO
VER, AGORA,VOLTAR!
Abraço forte!
Adriano Nunes.
É sua a traduçȁo?
Sim.
A morte de alguém que queremos bem é brusca,
mesmo quando se arrasta em longas espirais de sofrimento.
Virá o dia em que acharei normal teres partido.
Mas hoje, não: hoje ainda me assalta esta tristeza.
Fostes a algum lugar? Não sei.
Os que têm fé dirão que sim.
Para mim, porém, apenas não sentes mais a vida,
não alargas mais teu pensamento sobre a franja dos dias,
nem reclamas mais de coisa alguma.
belissimo poema
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