7.4.09

Federico García Lorca: "Narciso"

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Narciso

Niño,
¡Que te vas a caer al río!

En lo hondo hay una rosa
y en la rosa hay otro río.

¡Mira aquel pájaro! ¡Mira
aquel pájaro amarillo!

Se me han caído los ojos
dentro del agua.

¡Dios mío!
¡Que se resbala! ¡Muchacho!

…Y en la rosa estoy yo mismo.

Cuando se perdió en el agua
comprendí. Pero no explico.


Narciso

Menino,
Vais cair no rio!

No fundo há uma rosa
e na rosa há outro rio.

Olha aquele pássaro! Olha
aquele pássaro amarelo!

Caíram-me os olhos
dentro d’água.

Deus meu!
Ele escorrega! Menino!

... E na rosa estou eu mesmo.

Quando se perdeu na água
compreendi. Mas não explico.



De: LORCA, Federico Garcia. Canciones. Madrid: Espasa-Calpe, 1986.

7 comentários:

jac rizzo disse...

Federico García Lorca é musical!
Seus poemas têm rítmo, dançam!
Cresceram ao som de castanholas
e touradas.

Ele nunca deixou de contar na poesia, a sua Andaluzia querida!

"Solo el mistério nos hace vivir"
Nessas palavras ele confirma uma vida inteira envolta em magia, encanto e misticismo.

Gosto da poesia de García Lorca, mas principalmente, gosto da vida de García Lorca!

ADRIANO NUNES disse...

Amado Cicero,

Eu adoro Lorca e estou muito feliz de ver esse poema de que tanto gosto! Ótima escolha, como sempre!

"SOBRAS DE UM MEDO"


Amor, por que me pedes que te esqueças?
Por que queres apenas meus poemas?
Por que não mais me aqueces? Em que pensas?
Amor, por que me despes da cabeça


Aos pés, despedaçando-me, sem nada
Ousares ponderar, sequer perder,
Despertando-me a fé, tanto poder?
Amor, por que me feres? Que te faltas?


Agora me pergunto: Quais angústias
Governam o teu peito? Que defeitos
Afogam-se em meu ser? Mergulharia


Em ti, temido amor, se em mim desfeito
Fosse todo feitiço - toda astúcia
Desse contentamento, amor perfeito!


Abraço forte!
Adriano Nunes.

ADRIANO NUNES disse...

Amado Cicero,

Outro soneto simples:


"SEM EXPLICAÇÃO" (PARA FERNANDO PESSOA)

Venero-te, verso.
Como poderia,
Sem essa alegria,
Viver, se disperso,


Em teu labirinto,
Encontro-me todo,
Se vejo teu corpo
Em tudo que sinto?


Sei que nunca estás
Onde te procuro,
Onde te sou mais.


Dissolvo-me, juro,
Em teu Sol, atrás
De justo futuro.


Abraço forte!
Adriano Nunes.

Domingos da Mota disse...

Caro Antonio Cícero, aqui deixo um outro belíssimo poema de Lorca, colhido em TRINTA E SEIS POEMAS E UMA ALELUIA ERÓTICA, na tradução de Eugénio de Andrade:

MEIA-LUA

A lua vai pela água.
Como o céu está tranquilo!
Vai ceifando lentamente
o tremor velho do rio,
enquanto um ramo jovem
a toma por um espelhinho.

As minhas saudações poéticas,

Domingos da Mota

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Renato disse...

Prezado Cícero,
O poema em espanhol parece ter uma entonação própria; um ritmo e uma musicalidade que se impõem na leitura.
Abraço,
JR.

Isaias de Faria disse...

muito interessante seu blog, antonio, quando puder:
esmerodelinguagem.blogspot.com/