18.12.07

Mário de Andrade: Soneto

SONETO

Aceitarás o amor como eu o encaro ?…
…Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza… a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.


De: ANDRADE, Mário de. Poesias completas. Ed. crítica de D.Z. Manfio. São Paulo: Ed. Itatiaia e Ed. da USP, 1987, p.320.

2 comentários:

Anônimo disse...

É lindo.

Anônimo disse...

puta merda, cicero!

este é da série "se alguém me fizer um poema assim, caso no ato!"

e se fizer o poema com convite a uma noitada boa - um cinema, um botequim -, tem casa, comida e roupa lavada (rs)!

lindo lindo lindo!

beijim gostosim n'ocê!