7.12.21

Jacques Prévert: "Le temps perdu" / "O tempo perdido". trad. por Silviano Santiago

 



O tempo perdido


Diante do portão da fábrica

o operário de repente para

o dia lindo agarrou-o pelo paletó

e como ele se volta

e olha o sol

vermelhinho redondinho

sorrindo no céu de chumbo

pisca-lhe o olho

familiarmente

Pois é camarada Sol

você não acha

que é babaquice

dar um dia destes 

para um patrão?





Le temps perdu



Devant la porte de l'usine

le travailleur soudain s'arrête

le beau temps l'a tiré par la veste

et comme il se retourne

et regarde le soleil

tout rouge tout rond

souriant dans son ciel de plomb

il cligne de l'œil

familièrement

Dis donc camarade Soleil

tu ne trouves pas

que c'est plutôt con

de donner une journée pareille

à un patron ?








PRÉVERT, Jacques. "Le temps perdu" / "O tempo perdido". In: PRÉVERT,  Jacques. Poemas.. Org. e trad. por Silviano Santiago. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.


2 comentários:

Iara Clarice Sabino disse...

Mestre Antonio Cicero,

Guimarães Rosa já dizia que felicidade se acha é em horinhas de descuido.
Penso que ele tinha razão. Os momentos que passo olhando seu blog são minhas horinhas de descuido, e quero sempre te agradecer por isso.

Desejo-lhe tudo de bom.

Iara Clarice Sabino

Alcione disse...

Ninho

Há se eu tivesse um tonel
e uma taça cheia de mel
Ofertaria de bom gosto
como presente de Natal
Ao meu bem,
prá depois viajar e guardar
Tudo nesse ninho
enquanto que as
Tropas sobem ao navio
que está zarpando
Trazendo na guarnição
Um espelho, uma linha,
E um pergaminho.