O tempo perdido
Diante do portão da fábrica
o operário de repente para
o dia lindo agarrou-o pelo paletó
e como ele se volta
e olha o sol
vermelhinho redondinho
sorrindo no céu de chumbo
pisca-lhe o olho
familiarmente
Pois é camarada Sol
você não acha
que é babaquice
dar um dia destes
para um patrão?
Le temps perdu
Devant la porte de l'usine
le travailleur soudain s'arrête
le beau temps l'a tiré par la veste
et comme il se retourne
et regarde le soleil
tout rouge tout rond
souriant dans son ciel de plomb
il cligne de l'œil
familièrement
Dis donc camarade Soleil
tu ne trouves pas
que c'est plutôt con
de donner une journée pareille
à un patron ?
PRÉVERT, Jacques. "Le temps perdu" / "O tempo perdido". In: PRÉVERT, Jacques. Poemas.. Org. e trad. por Silviano Santiago. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
2 comentários:
Mestre Antonio Cicero,
Guimarães Rosa já dizia que felicidade se acha é em horinhas de descuido.
Penso que ele tinha razão. Os momentos que passo olhando seu blog são minhas horinhas de descuido, e quero sempre te agradecer por isso.
Desejo-lhe tudo de bom.
Iara Clarice Sabino
Ninho
Há se eu tivesse um tonel
e uma taça cheia de mel
Ofertaria de bom gosto
como presente de Natal
Ao meu bem,
prá depois viajar e guardar
Tudo nesse ninho
enquanto que as
Tropas sobem ao navio
que está zarpando
Trazendo na guarnição
Um espelho, uma linha,
E um pergaminho.
Postar um comentário