Na poça da lama
Na poça da lama
Como no divino céu
Também passa a lua.
PEIXOTO, Afrânio. "Na poça da lama". In: CALCANHOTTO, Adriana (org.). Haicai do Brasil. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014.
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3 comentários:
Adoro esse haicai. É como o final do poema "Mar português", do Fernando Pessoa,
"Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu."
Olá, Antonio. Muito obrigado por compartilhar conosco esses belos poemas.
Ficaria muito grato se você lesse um poema meu que reencontrei num dia desses e desse sua honesta opinião. Aqui abaixo deixo ele. Desde já, agradeço pela atenção.
Abraço.
CHÃO
Há poesia pra toda hora:
ela se insinua no teto
quando descansa
cansado do dia
Infindável.
Se insinua nas coisas sem fim:
no caso e no descaso
no sol matutino, num
termino de tarde
no corpo íntimo
rebelde, rijo
Escarlate.
Nos pés doloridos que descalçam
sapato ruim, maltrapilho.
(prazer surrupiado)
Pois, não há poesia em tudo:
ela pode ser obscena,
Provocativa
pode ser o demônio,
(até a mulher)
Mas não está em nada.
Vem nua quando menos
Se espera, cândida
No tempo que fecha
A garganta enciumada
Ou no peito carente
Ou no luto abrupto
Ou ainda
Na lua, enfim, ensolarada
Poesia não finda
Muito menos começa.
(boia estática)
Gostei do "Chão". Parabéns!
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