15.6.20

Antonio Carlos Secchin: "Receita de poema"




Receita de poema


Um poema que desaparecesse
à medida que fosse nascendo,
e que dele nada então restasse
senão o silêncio de estar não sendo.

Que nele apenas ecoasse
o som do vazio mais pleno.
E depois que tudo matasse
morresse do próprio veneno.





SECCHIN, Antonio Carlos. "Receita de poema". In:_____. Hálito das pedras. (Série "Item de Colecionador" - coordenada por Diego Mendes Sousa). Gurantinguetá: Penalux, 2019.

3 comentários:

Antonio Fabriciano disse...

Maravilhoso, Cícero!

Alcione disse...

Flutua

A lua flutua
e minha esperança
delicada
pede esperança
além do mais
os animais
estão tranquilos
E aprecio ainda mais
As belezas sem fim
do cotidiano
sem plano ou diretriz
escritas na lousa no giz
Versos reversos
Feitos no diapasão
Escritos do teu coração.

Tonho do Paiaiá disse...

Encantador!!! Isso é o mestre Secchin, nos dizendo da maravilha da poesia👏👏👏 e nos instigando a arriscar escrever.
Ao mestre Seccchin:
Receita de Leitor

Percorrer rios cheios, vazios
suas margens altivas, chamam
Como a poesia, não deixa tardio
ainda assim poucos conclamam

O velejador aspira o vento
O pescador agradece, contente
A lavandeira estende a roupa
O vaqueiro aboia o gado
O lavrador chama os bois
Pra sulcrar a terra com o arado
E o sabiá nem dá-se a lembrar
que a seca ficou pra trás
O anu em vôos rasantes,
caçoa da taquara alarmante

Seguem todos o seu ritmo marcante
Cada qual buscando seu prumo
Louvando aos céus a cada instante
Por receber o sustento merecido
E a poesia entrelaçada nesse rumo
Dá o tom dessa marcha valida
Tonho do Paiaiá
Imbassaí 27 junho 2020