15.3.18

Sophia de Mello Breyner Andresen: "Poema de Helena Lanari"



Poema de Helena Lanari

Gosto de ouvir o português do Brasil
Onde as palavras recuperam sua substância total
Concretas como frutos nítidas como pássaros
Gosto de ouvir a palavra com suas sílabas todas
Sem perder sequer um quinto de vogal

Quando Helena Lanari dizia o «coqueiro»
O coqueiro ficava muito mais vegetal




ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. "Poema de Helena Lanari". In_____. Obra poética. Org. por Carlos Mendes de Sousa. Alfragide: Caminho, 2011.

4 comentários:

bea disse...

A poesia de Sophia é água corrente.

Ricardo disse...

Caro poeta, estou escrevendo uma análise do poema "Manuel Bandeira", da Sophia de Mello (poema que conheci aqui), e percebi que ela tem um vocabulário, talvez uma dicção, que se aproxima de João Cabral algumas vezes. Ao escrever sobre o mar, no entanto, percebi que a relação dela com os elementos naturais é diferente. Parece-me que esses elementos, para Cabral, funcionam como símbolos e metáforas. Já Sophia tem uma relação visceral com eles, com o mar sobretudo. Ou seja, como talvez diria Fernando Pessoa, o mar para ela é o mar simplesmente, e não o que se pensa sobre ele. Estou certo ? Grande abraço!!

Antonio Cicero disse...

Caro Ricardo,

realmente, a relação de Sophia com o mar é outra. Mas o mar para ela não é "o mar simplesmente" porque ele é profundo e misterioso em todos os sentidos. Como ela diz em "O Minotauro":

E penetra comigo no interior do mar
Porque pertenço à raça daqueles que mergulham de olhos abertos
E reconhecem o abismo pedra a pedra anémona a anémona flor a flor

Abraço

Ricardo disse...

Tem razão... Muito obrigado !!