Esse amante
Não é exatamente que esse amante
pretenda confundir-se com a amada;
o que acontece é que, no mesmo instante
em que, lúcido e lúbrico, prepara,
com circunspecto engenho e arte, a entrega
da mulher, ele saboreia o gesto,
gemido ou tremor que observa, e interpreta
cada sinal de volúpia nos termos
da sua própria carne. Discernir-se
dela, ao olhá-la, e achá-la em si são lados
reversos da mesma moeda. Ei-lo
que, com o fim de seus anseios nos seios
das suas mãos, vê-se compenetrado
e entregue a um gozo que quiçá se finge.
CICERO, Antonio. A cidade e os livros. Rio de Janeiro: Record, 2002; Villa Nova do Famalicão: Quasi, 2006.
7 comentários:
Cicero,
ABSOLUTAMENTE MARAVILHOSO!!!!!!!!
Abração,
Adriano Nunes.
Aos amigos blogueiros que estejam pelo Rio de Janeiro no dia:
No próximo dia 17 de setembro, vou lançar meu quarto livro, o ensaio "O Poeta, o Canibal e o Espelho". O evento começa às 18 horas e vai até às 21, no Espaço Cultural da editora Multifoco, que fica na rua Mem de Sá, 126, na Lapa. Espero todos lá.
Abraços
Gosto muito de "A Cidade e os livros"
uma obra literária com unidade. "Por onde começar..." "...Abrir aporta principal e sair...".
bonito este verso: "com o fim de seus anseios nos seios das suas mãos"
parece que, de fato, os seios fazem parte das mãos e o amante se confunde com a amada, embora não pretenda.
magnas y sensibles letras nos regalas dulce poeta infintias gracias por acariciar nuestros sentidos con ellas, un besin de esta amiga admiradora .
Duo
Então veio a primavera
Oh, doce espera
Você e seus olhos de mel
Sabe deter a força do fel
Coração alado
Sempre ao meu lado
Não conhece desafio
Amor brilhante
De amante
Diamante
Perdido no breu
Por um fio
Despertado enxerga o outro lado
Cada qual sabendo seu bocado.
Fantástico!
O final, dá o toque da magia poética:
" Ei-loque, com o fim de seus anseios nos seios das suas mãos, vê-se compenetrado e entregue a um gozo que quiçá se finge.
MUITO BOM!
Forte abraço!
Mirze
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