29.4.11
Duda Machado: "Imitação das coisas"
Duda Machado
Imitação das coisas
Vamos, dedique-se por inteiro
às aparências, às coisas propriamente
ditas. Procure frequentá-las,
trazê-las para dentro de si mesmo,
incorporá-las dia a dia,
a cada instante,
por mais irrisório/absurdo que pareça.
Pode ser, no entanto, que você
não resista o tempo todo
e, de vez em quando, se afaste
da consistência das coisas
e se deixe levar
pelo hábito de transformá-las
em encantamento ou profundidade.
Não se perturbe. Ao persistir,
voltaremos mais uma vez a elas,
imperfeitos e concentrados
- como no amor -, decididos
a alcançá-las, embora adivinhando,
e já pouco importa, que ainda
não estamos preparados.
MACHADO, Duda. Margem de uma onda. São Paulo: Editora 34, 1997.
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Duda Machado,
Poema
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7 comentários:
Certamente, uma aparência, opinião ou conjectura, pode ser um tributo à vida! Pelo caminho da doxa.
Nunca estamos preparados. As coisas são inalcançáveis, não obstante a vida é o gesto que busca o fruto impossível. Caminhar é dançar no(s) abismo(s).
Elos
Depois da noite fria
Escura, dura
Aonde somente a lua
Flutua
No silêncio atroz
Quando somente ela
Brilha para nós
Explode o sol
Em seus múltiplos lençóis
Amarelos, elos
Fontes de nós.
Cicero,
Maravilhoso!
Um poema meu:
"transe profundo"
a mente aquece
o mundo a fundo...
preparo-a, em prece, e
tudo confundo.
a morte esqueço
por um segundo.
outro começo? o
tempo fecundo!
a mente ferve
seu sumo... fundo
a nova verve,
transe profundo.
à parte, perco
todo o além-mundo,
fecha-se o cerco
e em mim me afundo!
Abração,
Adriano Nunes.
poemaço do duda machado!
seguir serenamente
todo tempo
estas faculdades
miméticas
(ocupando outros espaços)
Um abraço.
Jefferson.
Que grande poema este do Duda.
Como sempre nos fz este poeta.
Obrigado, Cícero!
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