não quero mais de um poeta
que a sua letra
palavra presa na página
borboleta
nem quero saber da sua vida
da verdade que nunca foi dita
mesmo por ele
que tudo que viveu duvida
não revirem a sua cova
o seu arquivo
é no seu livro que o poeta está enterrado
vivo.
SILVESTRIN, Ricardo. "não quero mais de um poeta". Palavra mágica. Porto Alegre: Massao Ohno, 1994.
SECCHIN, Antonio Carlos. Memórias de um leitor de poesia. Rio de Janeiro: Topbooks, 2010.
SECCHIN, Antonio Carlos. Memórias de um leitor de poesia. Rio de Janeiro: Topbooks, 2010.
7 comentários:
"A realidade e a imagem" de Manuel Bandeira,
O arranha-céu sobe no ar puro lavado pela chuva
E desce refletido na poça de lama do pátio.
Entre a realidade e a imagem, no chão seco que as separa,
Quantas pombas passeiam.
Ótimo poema. Muito a calhar, pois talvez você não imagine, Cícero, o quanto é difícil, mesmo entre alunos de Letras, fazer com que eles abandonem o biografismo mais redutor e simplório, um século de teorias da literatura depois (das mais às menos consistentes). É estranho, para quem dá aula disso, você expor razões, discutir textos, apresentar argumentos e, num bom número de cabeças receptoras - não em todas, claro, porque aí seria o caso de pensar em suicídio - nada disso convencer, ficar um ar assim de "estou sendo enrolado". Aí se corre prum livro de divulgação qualquer ou pra uma wikipedia da vida e tome de vida-e-obra a torto e a direito. Bom, mas você não tem nada com isso, desculpe. viva mais esse poema, abraço.
Agradeço a Alexandre por me ter enviado informação bibliográfica precisa sobre o poema do meu amigo (porém que não vejo há algum tempo, pois moro no Rio e ele, em Porto Alegre) Ricardo Silvestrin.
Cicero,
Fiquei amigo do Ricardo através do facebook e sse poema dele é uma beleza... Ou melhor, belíssimo!
Abração,
Adriano Nunes.
um poema novo:
"reflexo II"
eu vim
fitá-lo
furtá-lo
de mim
enfim
vendá-lo
velá-lo
sem fim
assim
espe-lho-o
espa-lho-o
em mim
esc o-lho-o
pe lo o-lh o.
Obrigada Poeta por compartilhar conosco, teus leitores, este genial poema de Ricardo Silvestrin,estes versos:"é no seu livro que o poeta está enterrado vivo", para mim, é um epitáfio poético para não morrer!!!
Beijos
Ricardo Silvestrin é um " ar invisível que sustenta tudo" o que diz...
grande poeta gaúcho e cidadão do mundo. de dizer universal.
Postar um comentário