3.7.10

Nelson Ascher: "Bálsamos"




Bálsamos

Embora eu sôfrego mordisque
nem tão de leve o teu mamilo
vermelho a ponto de induzi-lo
à rigidez que lhe condiz —

querendo ainda mais, tranqüilo
não ficarei sem que petisque
"in loco" os bálsamos sutis que
procedem — úmido sigilo —

da contração de internas dobras
que (enquanto delas se avizinha
meu hálito) afinal desdobras

para que se entredigam sábios
tudo que sabem sobre minha
língua teus dois pares de lábios.




ASCHER, Nelson. Algo de sol. Rio de Janeiro: Editora 34, 1996.

10 comentários:

clorinda disse...

Tão lindo que dá vontade de roubar!
Clorinda

Anônimo disse...

eu acho incrivelmente difícil encontrar boa poesia erótica (e por "boa", leia-se "poesia erótica de que eu goste").

grande nelson!

bj, Cicero.

Anônimo disse...

Mexeu comigo! Profundamente...

Anônimo disse...

E Parabéns pelo blog!

Sebastião Ribeiro disse...

tão lindo que dá vontade de roubar! [2]

Érico Cordeiro disse...

Antônio Cícero,
Que coisa maravilhosa é a internet. Cá estou eu, no blog de um ídolo, de um sujeito que transpôs em verso muitas das minhas angústias, alegrias e dúvidas. Que muitas vezes disse o que eu precisava ouvir e que, mesmo sem o saber, me apontou caminhos. Que compôs parte importante da trilha sonora da minha vida, que me acompanhou enquanto eu curtia as minhas dores de amores. E aqui estou eu, a conversar com você! Obrigado por tudo!!!
Não sei se você gosta de jazz mas convido-o a conhecer o blog JAZZ + BOSSA, cujo endereço é:
http://www.ericocordeiro.blogspot.com/
Até sempre!!!

Antonio Cicero disse...

Érico,

Muito obrigado por me dizer coisas tão bonitas! Às vezes, como diz Waly Salomão, vale a pena ser poeta.

Abraço

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,

Belíssimo poema de Nelson Ascher! Valeu!


Grande abraço,
Adriano Nunes.

rodrigo madeira disse...

O CORPO CERTO

cresce a respiração verbífuga
como um peixe exato

em silêncio evolui
até que mãos e bacias
avancem desossadas

o marimensor lançasse
na preamar da cama
canoas e perplexidade

cresce a respiração verbífuga
como um peixe exato


2

E fora da água
da vida, da morte
do tempo e espaço

a respiração-quase

encalha:

)em átimos do ótimo( outra imagem:

um cavalo morrendo
que mal-
dissesse.

e no entanto, novamente

cresce

a respiração verbífuga.
como um peixe exausto


3

diga-se antes de calar-se.

não fecha (na precária
conspiração dos corpos)

com a exatidão
das coreografias
e dos pássaros/

quando-amando

a respiração verbífuga
como um peixe exato

Márcia Maia disse...

Esse é lindíssimo!
Tenho o livro, mas fazia tempo que não o relia.

1 beijo do Recife, por lembrá-lo.