À instabilidade das cousas do mundo
Nasce o sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz, se segue a noite escura,
>m tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas, a alegria.
Porém, se acaba o sol, por que nascia?
Se é tão formosa a luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas, no sol, e na luz, falta a firmeza;
Na formosura, não se dê constância,
E, na alegria, sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza:
A firmeza, somente na inconstância.
MATOS, Gregório de. "A instabilidade das cousas do mundo". In: "Gregório de Matos". In: AMORA, Antonio Soares (org.). Panorama da poesia brasileira. Vol. I. "Era luso-brasileira". Editora Civilização Brasileira, S.A. Rio de Janeiro - São Paulo - Bahia, 1959
Nenhum comentário:
Postar um comentário