Elogio do raso
Recomeçar sem que haja
arremedo de começo
exige mais que coragem.
Há que ter um forte apreço
pela aparência mais chã
e o desdém mais destemido
pelas funduras malsãs
onde se acoita o sentido.
Este apego à superfície
– dizem – dá força à vontade
(o que, apesar de tolice,
pode até ser verdade).
BRITTO, Paulo Henriques. "Elogio do raso". In:_____ Por ora. Poesia reunida (1982-2018). Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, S.A., 2021.
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