2.6.22

Ferreira Gullar: "Redundâncias"

 



Redundâncias


Ter medo da morte

é coisa dos vivos

o morto está livre

de tudo o que é vida


Ter apego ao mundo

é coisa dos vivos

para o morto não há

(não  houve)

raios rios risos


E ninguém vive a morte

quer morto quer vivo

mera noção que existe

só enquanto existo





GULLAR, Ferreira."Redundâncias". In:_____ "Muitas vozes". In:_____ Ferrreira Gullar: toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.


Um comentário:

Blog do Max Lobato disse...

Acredito que o Gullar foi o poeta brasileiro que, ao longo de sua trajetória, melhor e mais profundamente falou sobre a morte.