A galinha
Morta,
flutua no chão.
Galinha.
Não teve o mar nem
quis, nem
compreendeu
aquele ciscar quase
feroz. Cis -
cava. Olhava
o muro,
aceitava-o, negro e
absurdo.
Nada perdeu. O quintal
não tinha
qualquer beleza.
Agora
as penas são só o
que o vento
roça, leves.
Apagou-se-lhe
toda a cintilação, o
medo.
Morta. Evola-se do
olho seco
o sono. Ela dorme.
Onde? onde?
GULLAR, Ferreira. "A galinha". In:_____ Toda poesia: 1950-2010. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.
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