Eu me aprecio bem mais do que costumo
Eu me aprecio bem mais do que costumo;
contigo no coração,valho mais que eu mesmo,
como pedra que depois de talhada,
vale mais que pedra bruta.
Ou como folha de papel, escrita ou pintada,
é mais apreciada que um pano qualquer,
assim me tornei, desde que alvo me fiz
marcado por tua face, e não me queixo.
Seguro com tal marca, vou a qualquer lugar,
como quem se carrega de armas ou sortilégios,
que todo perigo afugenta.
Protegido contra água e contra fogo,
com teu emblema, ilumino qualquer cego e com
minha saliva curo todo veneno.
I’ mi son caro assai più ch’i’ non soglio;
I’ mi son caro assai più ch’i’ non soglio;
poi ch’i’ t’ebbi nel cor più di me vaglio,
come pietra c’aggiuntovi l’intaglio
è di più pregio che ’l suo primo scoglio.
O come scritta o pinta carta o foglio
più si riguarda d’ogni straccio o taglio,
tal di me fo, da po’ ch’i’ fu’ berzaglio
segnato dal tuo viso, e non mi doglio.
Sicur con tale stampa in ogni loco
vo, come quel c’ha incanti o arme seco,
c’ogni periglio gli fan venir meno.
I’ vaglio contr’a l’acqua e contr’al foco,
col segno tuo rallumino ogni cieco,
e col mie sputo sano ogni veleno.
BUONARROTI, Michelangelo. "I’ mi son caro assai più ch’i’ non soglio" / "Eu me aprecio bem mais do que costumo". In:_____. Poemas. Org. por Andrea Lombardi; traduções por Nilson Moulin. Rio de Janeiro: Imago, 1994.