A fome
Aqui, onde a mão não
alcança o interruptor da vida, aqui
só brilha a solidão.
Desfazem-se as lembranças contra os vidros.
Aqui, onde a brancura
dum lenço é a brancura do infortúnio,
aqui a solidão
não brilha, apenas
se estorce.
A fome fala através das feridas.
NAVA, Luís Miguel. "A fome". In:_____. Vulcão. Lisboa: Quetzal, 1994.
Um comentário:
Por vezes penso que a fome dos outros é o fardo que cada um carrega e pelo qual terá de responder. E penso que não sei como evita-la, mas, porque na verdade só penso nos que morrem de fome de vez em quando, e ainda assim faço nada ou quase nada para o evitar, julgo-me conivente com a injustiça. No século XXI, e com tanto que sobeja, não devia ser possível morrer de fome.
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