25.2.18
José Régio: "Demasiado humano"
Demasiado humano
ao Adolfo Casais Monteiro
Escancarei, por minhas mãos raivosas,
As chagas que em meu peito floresciam.
Versos a escorrer sangue eis escorriam
Dessas chagas abertas como rosas...
Assim vos disse angústias pavorosas
Em versos que gritavam... ou sorriam.
Disse-as com tal ardor, que todos criam
Esse rol de misérias fabulosas!
Chegou a hora de cansar..., cansei!
Sabei que as chagas todas que aureolei
São rosas de papel como as das feiras.
Que eu vivo a expor minh’alma nas estradas,
Com chagas inventadas retocadas...
Para esconder bem fundo as verdadeiras.
RÉGIO, José. "Demasiado humano". In:_____. BERARDINELLI, Cleonice (org.). Antologia de José Régio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
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José Régio,
Poema
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Um comentário:
O poeta é um fingidor/e finge tão completamente/que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente.
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