O impressor
a Jean-François
Na entrelinha, entre os tipos,
ele às vezes põe um pedaço de papel,
acrescenta às palavras visíveis
uma folha de fino silêncio,
o arrepio dos pinheiros em torno da oficina,
a onda quase apagada
vinda de uma forja na saída do lugarejo
ou da grande bigorna
muda do Mézenc.
Mais tarde, distante dali,
o poeta relê a página impressa,
reconhece seu rosto e seu próprio mundo
com alívio:
o espelho respira.
L’imprimeur
à Jean-François
Sur la réglette, entre les caractères,
il glisse parfois un morceau de papier,
ajoute aux mots visibles
une feuille de fin silence,
le frisson des sapins autour de l’atelier,
l’onde presque éteinte
venue d’une forge au bout du village
ou de la grande enclume
muette du Mézenc.
Plus tard, loin de là,
le poète relit la page imprimée,
reconnaît son visage et son propre monde
avec soulagement :
le miroir respire.
LEMAIRE, Jean-Pierre. "L'imprimeur" / "O impressor". In:_____. Poemas. Trad. de Júlio Castañon Guimarães. São Paulo: Lemme Editor, 2010.
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