7.3.16

Mário Faustino: "Vigília"




Vigília

Triunfo de herói morto – claro, dórico
Em seus verões eretos, passageiros
Sustentos de frontões de eternidade
Invernosos, sombrios.

Que mãos, postas em meio a tua ausência
Clamorosa, puderam resolver
O enigma dos eclipses desse sol
Alegórico, altivo?

Mas não temos resposta. E a esfinge desdenha
Devorar-nos na paz que a transfigura
Após a fértil guerra pela inútil
Coroa longeviva.

Entretanto jazemos entre as tochas
Com ele. E nos repele. E nos confunde.
E só resta partir, por desertos agônicos
Semeando-lhe as cinzas,

Até que destas velas nasçam ramas
E pássaros apaguem luto e chamas.



FAUSTINO, Mário. "Vigília". In:_____. "O homem e sua hora". In:_____. Poesia de Mário Faustino. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.

2 comentários:

Caius Martius disse...

Olá Antonio, gostaria de saber qual foi o tema da sua dissertação de mestrado? Teve algo a ver com o que você escreveu em O mundo desde o fim? Eu faço mestrado em filosofia, minha dissertação é sobre a unidade da razão em Kant. Acabei lendo seu livro e gostei muito das reflexões que você fez sobre o estatuto da modernidade. Fiquei curioso a respeito do que você trabalhou em sua dissertação...Grande abraço.

Antonio Cicero disse...

Caro Diego,

Fico contente de saber que leu e apreciou "O mundo desde o fim".

Minha dissertação foi sobre o conceito de negatividade na "Fenomenologia do espírito" de Hegel.

Grande abraço,
Antonio Cicero