Ontem
Até hoje perplexo
ante o que murchou
e não eram pétalas.
De como este banco
não reteve forma,
cor ou lembrança.
Nem esta árvore
balança o galho
que balançava.
Tudo foi breve
e definitivo.
Eis está gravado
não no ar, em mim,
que por minha vez,
escrevo, dissipo.
ANDRADE, Carlos Drummond de. "Ontem". In:_____. A rosa do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
5 comentários:
O ontem é esse agora que a mim vem... Drummond, definitivo.
Salve Cícero! Pra manter a língua afiada e o coração ardente, um poema pra você:
Minha cidade se revela na aurora sobre o mar esverdeado.
Na praia de Ipanema, um grande amor está previsto.
Cada boteco, cada buraco, cada esquina me revela.
Cada atenção de olhos ávidos é parte do que sou.
Meu nome está inscrito em toda rua, em toda placa, em toda parte.
Pedras portuguesas, aliterações e metonímias são meu nome.
A língua que se fala aqui no Rio em tudo é diferente da de Portugal.
O português do gênio carioca, do subúrbio, das favelas.
Pensando bem, esta cidade é muito mais que uma cidade:
é uma cilada de paixões e pensamentos percorrendo à beira-mar.
É a espuma do desejo, o escolho, a flor marinha e o sal do mar.
abç
Obrigado,Léo! Bonito!
Abraço
Cicero,
obrigado por postar este belíssimo poema de Drummond!
Abraço forte,
Adriano Nunes
Obrigado por este acontecimento, este sentimento de agora. Gosto muito deste espaço virtual. Obrigado.
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