20.7.15

Carlos Drummond de Andrade: "Ontem"





Ontem

Até hoje perplexo
ante o que murchou
e não eram pétalas.

De como este banco
não reteve forma,
cor ou lembrança.

Nem esta árvore
balança o galho
que balançava.

Tudo foi breve
e definitivo.
Eis está gravado

não no ar, em mim,
que por minha vez,
escrevo, dissipo.



ANDRADE, Carlos Drummond de. "Ontem". In:_____. A rosa do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

5 comentários:

Andrea Almeida Campos disse...

O ontem é esse agora que a mim vem... Drummond, definitivo.

léo disse...

Salve Cícero! Pra manter a língua afiada e o coração ardente, um poema pra você:

Minha cidade se revela na aurora sobre o mar esverdeado.
Na praia de Ipanema, um grande amor está previsto.
Cada boteco, cada buraco, cada esquina me revela.
Cada atenção de olhos ávidos é parte do que sou.
Meu nome está inscrito em toda rua, em toda placa, em toda parte.
Pedras portuguesas, aliterações e metonímias são meu nome.
A língua que se fala aqui no Rio em tudo é diferente da de Portugal.
O português do gênio carioca, do subúrbio, das favelas.
Pensando bem, esta cidade é muito mais que uma cidade:
é uma cilada de paixões e pensamentos percorrendo à beira-mar.
É a espuma do desejo, o escolho, a flor marinha e o sal do mar.

abç

Antonio Cicero disse...

Obrigado,Léo! Bonito!

Abraço

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,


obrigado por postar este belíssimo poema de Drummond!


Abraço forte,
Adriano Nunes

Mário Silveira disse...

Obrigado por este acontecimento, este sentimento de agora. Gosto muito deste espaço virtual. Obrigado.