23.2.14

Stéphane Mallarmé: "Salut" / "Brinde": trad. de Augusto de Campos





Brinde

Nada, esta espuma, virgem verso
A não designar mais que a copa;
Ao longe se afoga uma tropa
De sereias vária ao inverso.

Navegamos, ó meus fraternos
Amigos, eu já sobre a popa,
Vós à proa em pompa que topa
A onda de raios e de invernos;

Uma embriaguez me faz arauto,
Sem medo ao jogo do mar alto,
Para erguer, de pé, este brinde.

Solitude, recife, estrela
A não importa o que há no fim de
um branco afã de nossa vela.



Salut

Rien, cette écume, vierge vers
A ne désigner que la coupe;
telle loin se noie une troupe
De sirènes mainte à l'envers.

Nous navigons, ô mes divers
Amis, moi déjà sur la poupe
Vous l'avant fastueux qui coupe
Le flot de foudres et d'hivers;

Une ivresse belle m'engage
Sans craindre même son tangage
De porter debout ce salut

Solitude, récif, étoile
A n'importe ce qui valut
Le blanc souci de notre toile.




MALLARMÉ, Stéphane. "Poesias (1864-1895)". Trad. de Augusto de Campos. In: CAMPOS, Augusto; PIGNATARI, Décio; CAMPOS,  Haroldo. Mallarmé. São Paulo: Perspectiva, 1980.



2 comentários:

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,

belo poema! Grato por compartilhá-lo!


Abraço forte,
Adriano Nunes

Júlia disse...

Não entendi