10.4.11
Eugénio de Andrade: "Green God"
Green God
Trazia consigo a graça
das fontes quando anoitece.
Era o corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens quando desce.
Andava como quem passa
sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos
cresciam troncos dos braços
quando os erguia no ar.
Sorria como quem dança.
E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
num ritmo que ele sabia
que os deuses devem usar.
E seguia o seu caminho,
porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
duma flauta que tocava.
ANDRADE, Eugénio de. Poemas de Eugénio de Andrade. Seleção, estudo, notas de Arnaldo Saraiva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
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Eugénio de Andrade,
Poema
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15 comentários:
Antonio Cicero,
Só quero de te dizer o quanto gosto do teu blog. Diariamente o abro e tenho um tempo de prazer infinito descobrindo poetas que não conhecia e lendo poesias.... as mais variadas, que é o que mais amo nesta vida.
No momento que sento na frente do computador me preparo para mais uma aventura! É tão bom!
obrigada,
bia
Caro Cícero,
Adoraria mostrar-te alguns poemas meus. O "Cronópios" publicou alguns deles na semana passada.
http://www.cronopios.com.br/site/poesia.asp?id=4973
Um beijo grande!
Flávia
Bia,
Muito obrigado! Fico feliz.
Abraço
Flávia,
Vou lá. Obrigado.
Abraço
de fato estou a ponto de explodir; mas calma: seria uma explosão de alegria
e tristeza
saudade dos amigos distantes
saudade de dizer isso antes
falta de ter com quem dizer as cousas que vêm parpassando pela minha cabeça
e uma cerveja, e a vendedora de fadinhas, o cheiro de cigarro
de bali
ouvir trezentas vezes smells like teen spirit pra pirar sobre cobain
tô bem
tô mal
não sei ser zen nem jorge ben nem jor-
na-lista
mas hoje o inesperado me assombrou e me senti mais jovem até
mais lindo
achei as palavras num canto escondido e empoeirado
e ao soprar o pó do tempo vi que ainda faltava quase tudo ali
como sempre achei antes de perdê-las
foi um perfume no ônibus, um gesto em silêncio
mistério do anonimato, meu i-pod urrando milton nascimento
um viadulto sobre a estrada, uma parada, um tchau elíptico
e a fumaça de óleoa diesel queimado
comigo só sobre o asfalto
Querido Cícero: fico um tempo sem aparecer e, quando volto, mais e mais a poesia ocupa espaço no seu blog, mesmo quando o que se vê é prosa. Prosa poética, como diria o príncipe dos poetas, Baudelaire que, com alegria, vejo por aqui.
parabéns e um abraço enorme
desculpe a invasão completamente imprópria, A. Cícero, mas, vc lembra onde Caetano Veloso fala do lirismo imprevisto de José Miguel Wisnik, uma vez que ele mora numa cidade onde não há a vista infinita de Belo Horizonte, nem aquela do mar da Bahia?
Obrigado, Léo! Seja sempre bem-vindo!
Abraço
Adorei as imagens. me fez lembrar numa interseção maluca o "Floresta do Alheamento" do Bernardo Soares/F.Pessoa
Caro Climacus,
não, não me lembro dessa declaração de Caetano.
Abraço
Cicero,
que poema maravilhoso! grato!
abração!
O Poema é realmente lindo. Não o compreendi racionalmente nem o analisei,como se faz na escola,verso por verso; mas senti a emoção, e é o que vale em se tratando de poesia. E vou confessar, se algo em comum houver:
dispensaria eu a divindade, mas o desejo de ser árvore é partilhado.
Lindo poema!
Como sempre, conhecendo muito em teu blog. Obrigada.
Como um caminho que se vê estrelas a cada curva.
A bailarina
Ela, bailarina
Preza cada movimento
E são fórmulas
E são leis
Que se convencionaram dançar
E as escolas em múltipla coação
Nenhuma delas, porém tão belas
Quanto esse simples samba canção
Feito com a alma espantada
Desarmada
Calcado em seu coração.
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