21.5.10
Paul Celan: "Stehen" / trad. Raquel Abi-Sâmara
RESISTIR, à sombra
da ferida aberta no ar.
Resistir-por-ninguém-e-por-nada.
Irreconhecido,
para ti
somente.
Com tudo o que aí tem lugar,
mesmo sem
linguagem.
STEHEN, im Schatten
des Wundenmals in der Luft.
Für-niemand-und-nichts-Stehn.
Unerkannt,
für dich
allein.
Mit allem, was darin Raum hat,
auch ohne
Sprache.
CELAN, Paul. "Stehen". Trad. Raquel Abi-Sâmara. In: GADAMER, Hans-Georg. Quem sou eu, quem és tu? Trad. Raquel Abi-Sâmara. Rio de Janeiro: UERJ, 2005.
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17 comentários:
Belo
poema, Antonio Cícero
Não conhecia este poema de Paul Celan, belo em sua verdade, em seu despojamento,em sua nudez.Mas, diga-me uma coisa, Antonio Cícero: se trocassem "os versos" ( da segunda "estrofe") por algo como "sem sequer/ser reconhecido por ti ?" -não ganharia com seu "pathos" dramático ? Não seria mais belo ?
lindo o poema.
o engraçado é que a possibilidade da resistência-mesmo-sem-linguagem está expressa numa linguagem poética refinadíssima. como nos poemas que falam do silêncio ou da inutilidade e incapacidade de escrever o poema...
depois de ler, fiquei me perguntando: é possível, sendo humano, qualquer forma de resistência sem linguagem, ainda que precária e inarticulada, ainda que seja apenas ruído ou música mental? é possível alguma forma de resistência que não nasça do pensamento e, portanto, da linguagem?
Mas, na última roda de chopp da psicologia de botequim, me lembro: a “civilização psíquica” sempre preferiu desdenhar o cérebro reptiliano.
DIALETO DO LODO
é mesmo possível que
os pulsos cortados da chuva
ou um sol suicida
nos mofem a língua e
apenas facultem, em meio
ao coma desenganado das flores,
o dialeto do lodo.
mas é certo que ainda,
empiolhados de estrelas,
cantaremos
como não canta o pássaro
como não canta a máquina
como não canta a morte
como só canta o fogo,
o barítono brutal que há no fogo.
abç.
Maravilhoso Celan!
Abraços, poeta.
Gostei do seu blog. Talvez um dia queira passar também pelo meu. Cumprimentos.
que assim seja: resistir por ninguém e por nada, SEMPRE!
beijo GRANDE e AFETUOSO.
Fui a algum lugar, encontrei uma historia interessante, havia um poema com falas bonitas e por lá fiquei horas e horas ouvindo.
Cicero,
que poema lindo! Grato por compartilhar!
Um poema novo:
"Sem tempo"
O tempo o tempo
Passa perpassa
A tempo o tempo
Tudo ultrapassa
(Às vezes, para longe voa)
E quando acha de re(pousar)
Esquece que é desse lugar...
E passa
(Parece que não durará)
E foge
(Parece não ter mais saída)
E fere
A vida, tal bala perdida!
Abração,
A. Nunes.
filosofar só em alemão, mas a poesia não tem fronteiras, é linda!
Cícero,
Muito bom. Cícero, você não gosta das poetisas russas, como.akhmátova e tzvietáieva? Curiosidade...
Um poema, inspirado em Celan:
"Catarse"
Era cair na cama.
Era cair no sono.
Era cria do sonho.
Não era carneirinho.
Não era luz acesa.
Era rica ilusão
Crer dar vida a algum verso
De pedra, de grafite -
Era inventar milagres!
Abraço,
Mateus.
Talvez a poesia seja a única e última trincheira viável.Ainda que sem palavras, vivenciá-la será sempre possível.
Cicero,
o poema é mesmo belíssimo, como já disseram aqui. Tocante.
Mas preferia tê-lo lido em outro dia.
Grande beijo,
Letícia Balceiro
Resistir até não mais dispor de recursos de resistência, aí então... o fim.
Abraço do Jefhcardoso que conheceu o seu blog através do blog da Ivana (Doidivana).
Uma ótima surpresa encontrar Paul Celan aqui. Adquiri "Poema" nos anos 70, num 'balaio de queima de estoque', numa livraria de Natal. Mais recentemente, "Cristal". Celan sempre apaixonou-me, até pela dificuldade em compreendê-lo. Ele faz a boa poesia de 'apenas-sugestão'. Afinal, "Diz a verdade/ quem sombras diz" . Isto é (a cara) dele. Um grande abraço.
Jarbas,
francamente, acho que não.
Mateus,
gosto sim. Qualquer dia ponho alguma coisa de uma delas no blog.
Abraço
Com tudo o que aí tem lugar,
mesmo sem
linguagem.adorei
Hallo.
Ich mochte mit Ihrer Website antoniocicero.blogspot.com Links tauschen
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