Uma obra-prima de Bandeira:
O RIO
Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas no céu, refleti-las
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranqüilas.
24.7.07
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8 comentários:
o processo de refletir sem mágoas e ser todo líqüido já é a prórpia transição, eu penso.
quando a superficie do reflexo mistura-se a profundidade da reflexão... é quando ismalia se perde...
Cícero, adoro este espaço aqui não só por ele estreitar a distância entre você e nós, fãs, mas por permitir que conheçamos também suas influências. Este poema de Bandeira é primoroso, bem como os trechos anteriores de Ferreira Gullar, Lewis Carroll, etc. Um grande abraço, Arthur. (Trocamos e-mail há um tempo, prometi mandar-lhe um cd meu. Houve um atraso no prazo da prensagem, mas já o tenho em mãos e logo logo envio).
tenho um silêncio a bordo.
que ergue os mastros,
ajusta as velas,
teme à correnteza,
vê passar o vento em procelas...
um silêncio
que milhões de estrelas operam.
e, dentro deste silêncio friamente calculado,
mil outros silenciozinhos
gritam desesperados...
Oi, Antonio.
O mais legal desse poema é o uso das recorrências de palavras como se fossem o rio-que-é-sempre-o-mesmo... mas que é sempre diferente.
As palavras e os sons que se reduplicam na superfície do poema iluminam a mente do leitor que, se esperto escafandrista, buscará, nas "profundidades tranqüilas" do texto, as pérolas ofertadas aos poucos.
Abbracci
Olá, adorei saber que tem um blog, pois ando lendo sua coluna na FSP e gosto muito. Abs
Fabuloso. A água como reflexo do movimento, da vida. Fonte de luz e trevas.
"O Rio" é um dos poema que eu mais admiro. Ele forma uma cruz cuja verticalidade marca a vida, enquanto a horizontalidade marca a memória. Fluxo e ascensão encontram-se na palavra para expressar a vivência do poético e do imaginário.
Bandeira entende bem a terceira margem do rio...
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