Dois macacos de Bruegel
É assim meu grande sonho sobre os exames finais:
sentados no parapeito dois macacos acorrentados,
atrás da janela flutua o céu
e se banha o mar.
A prova é de história da humanidade.
Gaguejo e tropeço.
Um macaco, olhos fixos em mim, ouve com ironia,
o outro parece cochilar —
mas quando à pergunta se segue o silêncio,
me sopra
com um suave tilintar de correntes.
SZYMBORSKA, Wislawa. "Dois macacos de Bruegel". In:_____ Poemas. Seleção, tradução e prefácio de Regina Przybycien. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
Um comentário:
O estilo bem-humorado, irônico e desencantado de Szymborska nos remete às vezes a Auden ou Drummond.
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