Olho de lince
quem fala que sou esquisito hermético
é porque não dou sopa estou sempre elétrico
nada que se aproxima nada me é estranho
fulano sicrano e beltrano
seja pedra seja planta seja bicho seja humano
quando quero saber o que ocorre à minha volta
ligo a tomada abro a janela escancaro a porta
experimento invento tudo nunca jamais me iludo
quero crer no que vem por beco escuro
me iludo passado presente futuro
urro arre i urro
viro balanço reviro na palma da mão o dado
futuro presente passado
tudo sentir total é chave de ouro do meu jogo
é fósforo que acende o fogo de minha mais alta razão
na seqüência de diferentes naipes
quem fala de mim tem paixão
2 comentários:
Conheci o Waly na faculdade de Jornalismo, na disciplina de documentário, quando assisti ao Pan-Cinema Permanente. À época, achei que o Waly era insuportável (rindo de nervoso), depois percebi que tinha Waly em muitas das canções que eu gostava. Aos poucos fui me inteirando da obra poética e lamento tanto que já tenha partido.
Lembro sempre de uma declaração que a Calcanhotto deu sobre ele: "Ele tinha uma doçura violenta. Acho, e cada vez mais, que ele sabia, ou havia determinado, não sei, que não viveria muito, que não ficaria velhinho. Então, tinha pressa. Não acreditava muito na sabedoria em termos de acúmulo de tempo, queria a sabedoria do instante-já, de que falava tanto Clarice quanto Lygia Clark, para falar de dois de seus amores.Foi estúpido, injusto e cruel comigo tanto quanto foi amoroso, generoso e protetor. E tudo numa mesma tarde."
Faz falta!
-Nadia
Mas que belo ensaio, Cicero! De fato, à altura do grande poeta que você é.
Corri comprar meu exemplar.
Aguardo ansiosamente seu autógrafo.
Parabéns!
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