23.8.20

Antonio Carlos Secchin: "Uma prosa súbita"




Uma prosa súbita

Se não for para arder,
   ser rosa no inverno de que serve?
     Eugénio de Andrade


Uma prosa súbita
para a rosa de neve:
às vezes é só um verso
onde a voz de Andrade ferve.
E perdura, apesar do inverno
armado na paisagem:
o que há pouco era flor
virou arte,
rosa em riste na beira do abismo
contra
o silêncio azul da tarde.




SECCHIN, Antonio Carlos. "Uma prosa súbita". In: REIS-SÁ, Jorge. Creio que foi o sorriso. Uma antologia. Porto: A casa dos ceifeiros, 2020.

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