Narciso
Narciso é filho de uma flor aquática
e de um rio meândrico. É líquido,
cristalizado de forma precária
e preciosa, trazendo o sigilo
de sua origem no semblante vívido,
conquanto reflexivo. Ousaria
defini-lo como aquele em que a vida
mesma se retrata. É pois fatídico
que, logo ao se encontrar, ele se perca
e, ao se conhecer, também se esqueça,
se está na confluência da verdade
e da miragem, quando as verdes margens
da fonte emolduram sua imagem fluida
e fugaz de água sobre água cerúlea.
CICERO, Antonio. "Narciso". In:_____. Guardar. Rio de Janeiro: Record, 1996.
Um comentário:
Tão linda a ideia de Narciso ser filho de uma flor e um rio. Homens-narcisos em demasia.
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