Cantiga III
No meu peito o meu desejo
Da razão se fez tirano,
Vejo nele certo dano,
Incerto remédio vejo.
Voltas
Para de todo perder-me
Este mal por passar tinha,
Ir eu contra a razão minha
Que morre por defender-me.
Da parte do meu desejo
Me passo, para meu dano,
Vejo que nisso m'engano,
Mas nenhum remédio vejo.
Se lhe quero resistir,
Trata-me com mais crueza,
Ou com força ou natureza
Sua lei me faz seguir.
Imigo mortal o vejo
De razão e desengano,
Dele me vem todo o dano,
E eu por ele me rejo.
BERNARDES, Diogo. "Cantiga III". In: SILVEIRA, Francisco Maciel (org.). Poesia clássica. São Paulo: Global Editora, 1988.
Um comentário:
Poção
Melhor que a flor roubada
trago-te
Essa poção
Ingredientes
Ervas
Flores, amoras
Aroeira
Lua banhada em luz de Marte
Um pouco de razão
E uma porção de criaturinhas
Verdes, amarelas e azuis.
(Verso para Adriana Calcanhotto pelo seu aniversário)
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