A um passante
Passa por mim fulano, a sombra do que foi.
Fora amigo de meu pai e essa imagem,
logo morta,
é tão inútil como a Rua da Matriz,
assim, desassombrada e vazia,
longe de meu afeto e de minha memória.
E, no entanto, esse traço, esse momento,
sopros de um registro involuntário,
perseguem-me por um instante;
não, até agora nessas mal traçadas linhas,
onde a banalidade das coisas se impõe
inconclusa.
ALMINO, José. "A um passante". In:_____. Encouraçado e cosido dentro da pele. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2019.
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