3.9.20

José Almino: "A um passante"





A um passante


Passa por mim fulano, a sombra do que foi.
Fora amigo de meu pai e essa imagem,
logo morta,
é tão inútil como a Rua da Matriz,
assim, desassombrada e vazia,
longe de meu afeto e de minha memória.
E, no entanto, esse traço, esse momento,
sopros de um registro involuntário,
perseguem-me por um instante;
não, até agora nessas mal traçadas linhas,
onde a banalidade das coisas se impõe
inconclusa.





ALMINO, José. "A um passante". In:_____. Encouraçado e cosido dentro da pele. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2019.

Nenhum comentário:

Postar um comentário