Foi tarde de julho
Foi numa tarde de julho.
Conversávamos a medo,
– Receios de trair
Um tristíssimo segredo.
Sim, duvidávamos ambos:
Ele não sabia bem
Que o amava loucamente
Como nunca amei ninguém.
E eu não acreditava
Que era por mim que o seu olhar
De lágrimas se toldava...
Mas, a dúvida perdeu-se;
Falou alto o coração!
- E as nossas taças
Foram erguidas
Com infinita perturbação!
Os nossos braços
Formaram laços.
E, aos beijos, ébrios, tombamos;
– Cheios de amor e de vinho!
(Uma suplica soava:)
“Agora... morre comigo,
Meu amor, meu amor... devagarinho!...”
BOTTO, António. "Foi tarde de julho". In: VIEGAS, Francisco José (org.). Cem poemas para salvar a nossa vida. Lisboa: Quetzal, 2014.
Um comentário:
Cicero,
grato por postar esse belo poema de António Botto!
Abraçaço,
Adriano Nunes
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