Consegui
eis o que consegui:
tudo estava partido e então
juntei tudo em ti
toda minha fortuna
quase nada tudo muitas coisas
numa
só:
eu quis correr esse risco antes de virar
pó:
juntar tudo em ti:
toda joia todo pen drive todo cisco
tudo o que ganhei tudo
o que perdi
meu corpo minha cabeça meu livro meu disco meu
pânico meu tônico
meu endereço
eletrônico
meu número meu nome meu endereço
físico
meu túmulo meu berço
aquela aurora este crepúsculo
o mar o sol a noite a ilha
o meu opúsculo
meu futuro meu passado meu presente
meio aqui
e meio ausente
meu continente meu conteúdo
e além de todo o mundo
também tudo o que é
imundo tudo
o medo e a esperança
algo que fica
algo que dança
o que sei o que ignoro
o que rio
e o que choro
toda paixão
todo meu ser
todo meu não
tudo estava perdido e aí
juntei tudo
em ti
CICERO, Antonio. "Consegui". In:_____. Porventura. Rio de Janeiro: Record, 2012.
3 comentários:
Rondó
O que querer
Porque viver
Afinal, o mal
há de vingar?
o vento bate nas folhas
o tempo trafega como
se não fosse
finito, labirinto,
um âmago
(in)penetrável
Entrelaçado
tão amado tal qual
Um roqueiro
que ronda sobre mim
Ilha
Filha
Belíssimo, Antonio Cícero!
Obrigado, Klebe!
Abraços
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