Eis o primeiro e belo poema do novo livro de André Luiz Pinto, Ao léu:
I
A cidade comove, risível quanto
o mar qual o sentido da
palavra risível onde as casas
se amotinam sob a grossa poeira?
Onde minha mãe nascera
minha avó morrera
o subúrbio não se cansa de dizer
mais esquecido que o nordeste.
Escrever é proibido, artistas vivem
de pagode, bate aqui no peito
a ruína de quem cedo
aprendeu a ler e eu não devia.
Tudo isso contado junto
enquanto os vagões
desandam por entre os bairros
poderia ser Nova Iorque.
Madureira, matadouro de homens,
dos secos e molhados
nas praças e nos
congados, de nossas vítimas.
PINTO, André Luiz. Ao léu. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2007
29.6.07
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Um comentário:
Acabei de ouvir o poema "Guardar" no documentário "Olho de Mosca" e fiquei extasiada.
Encontrei teu blog por acaso e estou aqui, deliciando-me...
Obrigado por isso.
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