2.2.12
Carlos Drummond de Andrade: "Confissão"
Confissão
Não amei bastante meu semelhante,
não catei o verme nem curei a sarna.
Só proferi algumas palavras,
melodiosas, tarde, ao voltar da festa.
Dei sem dar e beijei sem beijo.
(Cego é talvez quem esconde os olhos
embaixo do catre.) E na meia-luz
tesouros fanam-se, os mais excelentes.
Do que restou, como compor um homem
e tudo o que ele implica de suave,
de concordâncias vegetais, múrmurios
de riso, entrega, amor e piedade?
Não amei bastante sequer a mim mesmo,
contudo próximo. Não amei ninguém.
Salvo aquele pássaro -vinha azul e doido-
que se esfacelou na asa do avião.
ANDRADE, Carlos Drummond de. "Claro enigma". In:_____Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.
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Carlos Drummond de Andrade,
Poema
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9 comentários:
Cicero,
amo esse poema. "Claro Enigma" é um dos melhores livros de poesia de todos os tempos. Grato por compartilhar! Viva Drummond!
Abraço forte,
Adriano Nunes
Cicero,
resta pouco a ser dito, senão que esse poema é arrebatador! Obrigado por compartilhá-lo.
um beijo daqui.
Lindo Drummond! Obrigada.Adoro esse blog.
É o caso de dizer apenas que gostei muito, sem nem tentar comentar.
Esse é demais, o sempre grande Drummond :)
Olá, adorei seu blog. Parabéns!
Sou um apaixonado por Drummond; meu prefiro é Rosa do Povo. De verdade, que bom ter encontrado seu blog. Na verdade, vim atras de Catulo...e, encontrei um paraíso de coisas boas.
Abraço,
Alexandre Pedro
http://carceredoser.blogspot.com/
Olá, adorei seu blog. Parabéns!
Sou um apaixonado por Drummond; meu prefiro é Rosa do Povo. De verdade, que bom ter encontrado seu blog. Na verdade, vim atras de Catulo...e, encontrei um paraíso de coisas boas.
Abraço,
Alexandre Pedro
http://carceredoser.blogspot.com/
Estou até agora com as últimas palvras do poema soando... e que é isso se não um grande amor?
Grande abraço
Saudações
Conhecendo e seguindo teu site hoje
que aliás é um magnífico centro cultural. Está de parabéns!
Até breve!
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