17.8.15

Antonio Cicero: "História"





História

A história, que vem a ser?
mera lembrança esgarçada
algo entre ser e não-ser:
noite névoa nuvem nada.
Entre as palavras que a gravam
e os desacertos dos homens
tudo o que há no mundo some:
Babilônia Tebas Acra.
Que o mais impecável verso
breve afunda feito o resto
(embora mais lentamente
que o bronze, porque mais leve)
sabe o poeta e não o ignora
ao querê-lo eterno agora.



CICERO, Antonio. "História". In:_____. A cidade e os livros. Rio de Janeiro: Record, 2002.

5 comentários:

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,


grato por compartilhar esse belíssimo poema!



Abraço forte,
adriano Nunes

Antonio Cicero disse...

Obrigado, Douglas! Parabéns pelo se blog também.

Abraço

Anônimo disse...

Arsenio Meira Junior,

Belo poema, Cicero. Já o conhecia. Mas o legal é reler, e reler.
Narciso só aqui e agora, depois apenas o nihil...
Para o blog, envio este poema que dialoga com o seu, igualmente belo e comovente.
Com o abraço do Arsenio

A Ricardo Reis, no Mar da Galiléia

Só dizem os deuses o que logo esquecem,
mas o jogo do céu é amplo e reto,
e cada lance é um coração aberto:

nele não dorme o que se fez desperto,
o eterno é agora e em si mesmo morre,
nunca houve rumo e todo sempre é incerto.

— Não creio, e rezo.

Alberto da Costa e Silva
(In "Coleção Melhores Poemas de Alberto da Costa e Silva", Editora Global, 2007, Rio de Janeiro.)

léo disse...

Certeiro, Cícero, certeiro, velho arqueiro das palavras, sempre com flechas novas estalando sob a língua. Parabéns, poeta!!!

Antonio Cicero disse...

Obrigado, Arsenio!

Adorei também o poema do Alberto da Costa e Silva.

Abraço