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Sobre o título do disco, tive o prazer de escrever o seguinte:
A divisa “sem esperança nem medo” –
nec spe nec metu – é adotada, desde a antiguidade, por aqueles que, desprezando
tanto as promessas quanto as ameaças referentes a alguma hipotética vida
futura, sabem que viver o presente em toda a sua plenitude constitui o mais
alto e o mais profundo fim da própria vida.
Tal é a disposição que se manifesta no topos poético do
carpe diem, isto é, “colhe o dia presente!”, que se encontra, desde a antiguidade
até hoje, em alguns dos maiores poemas já escritos. Assim, por exemplo,
diz Paulo Mendes Campos na primeira estrofe do seu belo soneto
“Tempo-eternidade”:
O instante é tudo para mim que, ausente
do segredo que os dias encadeia,
me abismo na canção que pastoreia
as infinitas nuvens do presente.
Entre outras coisas, é isso que nos delicia nas canções
cantadas por Arthur Nogueira: o convite para que vivamos assim, sem medo nem
esperança, mas com a coragem e o tesão de nos abismarmos no instante, nos dias,
nas canções e nas infinitas nuvens do presente.
Antonio Cicero
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