16.3.14

Eugénio de Andrade: "A sílaba"





A sílaba

Toda a manhã procurei uma sílaba.
É pouca coisa, é certo: uma vogal,
uma consoante, quase nada.
Mas faz-me falta. Só eu sei
a falta que ma faz.
Por isso a procurava com obstinação.
Só ela me podia defender
do frio de janeiro, da estiagem
do verão. Uma sílaba,
Uma única sílaba.
A salvação.



ANDRADE. Eugénio de. "Ofício de paciência" In:_____. Poesia. Lisboa: Fundação Eugénio de Andrade, 2005.

3 comentários:

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,


belíssimo! Salve!


Abraço forte,
Adriano Nunes

Ricardo Silvestrin disse...

Muito legal!

Unknown disse...

Belíssima.