14.3.14

Federico García Lorca: "El poeta pide a su amor que le escriba" / "O poeta pede a seu amor que lhe escreva": trad. William Agel de Melo





El poeta pide a su amor que le escriba

Amor de mis entrañas, viva muerte,
en vano espero tu palabra escrita
y pienso, con la flor que se marchita,
que si vivo sin mí quiero perderte.

El aire es inmortal. La piedra inerte
ni conoce la sombra ni la evita.
Corazón interior no necesita
la miel helada que la luna vierte.

Pero yo te sufrí. Rasgué mis venas,
tigre y paloma, sobre tu cintura
en duelo de mordiscos y azucenas.

Llena pues de palabras mi locura
o déjame vivir en mi serena
noche del alma para siempre oscura.




O poeta pede a seu amor que lhe escreva

Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.

O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.

Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de mordiscos e açucenas.

Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.




LORCA, Federico García. "Poemas esparsos". In:_____. Obra poética completa. Trad. de William Agel de Melo. Brasília: Martins Fontes / Editora Universidade de Brasília, 1989.

2 comentários:

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,

grato por compartilhar este belíssimo poema de Lorca! Salve!


Abraço forte,
Adriano Nunes

Alcione disse...

Noni

Caem as asas
brancas como a neve
Ora são cinzas
No meu pensamento
Não existe esse momento
Então tudo acabado
E nada começou
Ainda
Vejo-te na flor
No dia raiando
Vejo-te no olhar perdido
Em busca de um abrigo.