30.3.14
Rainer Maria Rilke: "Wir sind die Treibenden" / "A nós, nos cabe andar": trad. Augusto de Campos
I.22
A nós , nos cabe andar.
Mas o tempo, os seus passos,
são mínimos pedaços
do que há de ficar.
É perda pura
tudo o que é pressa;
só nos interessa
o que sempre dura.
Jovem, não há virtude
na velocidade
e no voo aonde for.
Tudo é quietude:
escuro e claridade,
livro e flor.
1.22
Wir sind die Treibenden.
Aber den Schritt der Zeit,
nehmt ihn als Kleinigkeit
im immer Bleibenden.
Alles das Eilende
wird schon vorüber sein;
denn das Verweilende
erst weiht uns ein.
Knaben, o werft den Mut
nicht in die Schnelligkeit,
nicht in den Flugversuch.
Alles ist ausgeruht:
Dunkel und Helligkeit,
Blume und Buch.
RILKE, Rainer Maria. "Sonette an Orpheus / Sonetos a Orfeu". Trad. por Augusto de Campos. In: CAMPOS, Augusto. Coisas e anjos de Rilke. São Paulo: Perspectiva, 2013.
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5 comentários:
Pena que os jovens de hoje tenham tão pouco acesso a textos como este...
Sapiência pura!
Abraço do Pedra
www.pedradosertao.blogspot.com.br
Somos eternos devedores ao Augusto de Campos, seu saudoso irmão Haroldo, e Boris Schnaiderman: tríade de ouro da tradução de poesia. E traduzir poesia, tarefa para muitos impensável, para eles nunca foi. De Emily Dickinson a Maiakovski. De Pound a Serguei Iessiênin. É uma riqueza intangível.
Saudações
Arsenio Meira Júnior
Ps - Inverno e Guardar são dois dos poemas mais belos da poesia contemporânea.
Muito obrigado, Arsenio. Fico feliz com sua apreciação dos meus poemas. E concordo com o que diz sobre a tríade de ouro.
Abraço
Cicero,
belíssimo poema! Grato por compartilhá-lo!
Abraço forte,
Adriano Nunes
Às favas!
A língua do locutor se dobra
no éle, narrando algo sobre
pátria e instituições e homens
de bem
bem, as cabeças separadas dos corpos
os pais dos filhos
os pés da terra e o projétil da arma
através do gatilho.
Todos assombrados pelo fantasma
invisível.
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