12.2.14
Sophia de Mello Breyner Andresen: "Porque"
Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. "Mar novo". In:_____. Obra poética. Org. por Carlos Mendes de Sousa. Alfragide: Caminho, 2011.
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4 comentários:
Cicero,
Belo! Grato por compartilhá-lo!
Abraço forte,
Adriano Nunes
Muito pertinente... e belo.
Abraço,
Afonso
Não é sempre que gentileza gera gentileza. Já a barbárie, essa sim, só gera barbárie.
Os dois jovens presos por terem atirado o rojão no jornalista não serão julgados pelos atos que praticaram.
É evidente que não houve intenção de matar o cinegrafista da Band. Assim, eles jamais poderiam ir a júri popular.
O dolo, se houve, foi eventual, e em relação ao crime de lesão corporal (para mim, na verdade, os fatos se enquadram mais na figura da 'culpa consciente'), e não ao de homicídio.
Mas como já apontou Antônio Cícero, em entrevista datada de 2007, há um ofensiva reacionária no país.
O alvo dessa ofensiva são sempre os direitos humanos.
Me parece que esse é mais um caso de tribunal de exceção.
belíssimo poema.putz! thanks a. cícero.belíssimo e belíssimo.
e nobile josé, thanks pela lucidez.
abraços.vinicius.
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