Recorda
Formosa vida que passou e parece
não passar mais...
Desde agora, aprofundo
sonhos na memória: e estremece
a eternidade do tempo lá no fundo.
E de repente um remoinho cresce:
sorve-me, arrasta-me, até que me afundo
numa gruta aonde vai, precipitado,
para sempre, sumindo-se, o passado.
Recuerda
Hermosa vida que pasó y parece
ya no pasar...
Desde este instante, ahondo
sueños en la memoria: se estremece
la eternidad del tiempo allá en el fondo.
Y de repente un remolino crece
que me arrastra sorbido hacia un trasfondo
de sima, donde va, precipitado,
para siempre sumiéndose el pasado.
BIEDMA, Jaime Gil de. "Recuerda" / "Recorda". In:_____. Antologia poética. Tradução por José Bento. Lisboa: Cotovia, 2003.
Um comentário:
Alhures
A linha sorridente
clama o ser ausente
Não basta eu estar perto
do mar, das ruas,
seminuas luas
do leme que singra o mar
bravio
Não vejo mais a silhueta
Quem sabe à espreita
Ignoro a fonte
Ou se é possível mergulhar em cores
Verdes, rosas, azuis,
Quiçá, alhures!
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