Hoje fiquei contente de ouvir no program "A vida breve", da RTP -- Rádio e Televisão de Portugal -- o meu poema "Tamiris", recitado por mim mesmo. Fica no seguinte enderço: http://www.rtp.pt/play/p1109/e238101/a-vida-breve.
O poema, baseado em mito relatado na Ilíada, é o seguinte:
Tâmiris
Jamais poeta algum houve mais alto
do
que Tâmiris, o trácio, rival
de
Orfeu, cujo canto é capaz de dar
saudade
do que nunca nos foi dado
salvo
reflexo em verso de cristal.
Se
um mortal alcançasse ser feliz,
tal
seria Tâmiris: quem o vir
deitado
sobre a grama com o rapaz
(digno,
pela beleza, de dormir
nos
braços do próprio Apolo) que o ama
e
cujos cabelos Zéfiro afaga
com
dedos volúveis, há de convir
comigo
em que é assim, a menos que haja
visto,
no rio em que agora mergulham
ou
na relva que ao sol dourada ondula
no
antebraço do moço à beira d'água
ou
na ode em que essa manhã fulgura
e
foge para sempre, agora e aqui
refolharem-se
o passado, o porvir,
o
alhures: tantas trevas na medula
da
luz. Já Tâmiris quer possuir
as
Musas que o possuem. É seu fado
desafiá-las
e perder: insensato,
esplêndido,
cego, cheio de si.
CICERO, Antonio. "Tâmiris". In:_____. A cidade e os livros. Rio de Janeiro: Record, 2002.
3 comentários:
maravilhoso!
Obrigado, querido Arthur!
Beijos
Cicero,
que lindo! Bravo! Bravo!
Abraço forte,
Adriano Nunes
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