A uma senhora
Já, Marfísia cruel, me não maltrata
Saber que usas comigo de cautelas,
Que inda te espero ver, por causa delas,
Arrependida de ter sido ingrata.
Com o tempo, que tudo desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas;
Verás murchar no rosto as faces belas,
E as tranças de ouro converter-se em prata:
Pois se sabes que a tua formosura
Por força há de sofrer da idade os danos,
Por que me negas hoje esta ventura?
Guarda para seu tempo os desenganos,
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco a flor dos anos.
GAMA, Basílio da. "A uma senhora". In: CAMPOS, Paulo Mendes. Forma e expressão do soneto. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, s.d.
Um comentário:
Sou eu
Que sinto
O indistinto
Sou eu
quem navega
Na contramão
meu coração
É uma avenida
sem volta
Só ida.
Vida.
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