O poema de Petrarca, como o de Camões, é composto de oximoros, isto é, combinações de noções contraditórias cuja tensão dramática revela a confusão do sujeito do poema lírico. Catulo tem um poema curtíssimo que usa esse recurso.
LXXXV
Odeio e amo. Por que o faço, quiçá perguntes?
Não sei, mas sinto, e é tortura.
LXXXV
Odi et amo. Quare id faciam, fortasse requiris?
Nescio, sed fieri sentio et excrucior.
CATULLUS, C. Valerius. Selected poems. Org. p. SIMPSON, Francis. London: Macmillan, 1948, p.61.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Dentre aquilo que avulta,
maior que tudo é o amor.
Quem o possui, não faz alarde.
Quem faz alarde, não o posssui.
Assim, a maior de todas as coisas,
anunciada entre pequenos gestos,
perdura ardente entre lembrança e fato.
Fica calado, se a encontras.
Faça de conta que jamais a viu.
É isso aí! De certa forma, Catulo conseguiu exprimir em 2 versos o que posteriormente exigiria o séptuplo tanto de Petrarca quanto de Camões.
Postar um comentário