Da
vida não se sai pela porta:
só
pela janela. Não se sai
bem
da vida como não se sai
bem
de paixões jogatinas drogas.
E
é porque sabemos disso e não
por
temer viver depois da morte
em
plagas de Dante Goya ou Bosh
(essas,
doce príncipe, cá estão)
que
tão raramente nos matamos
a
tempo: por não considerarmos
as
saídas disponíveis dignas
de
nós, que, em meio a fezes e urina
sangue
e dor, nascemos para lendas
mares amores mortes serenas.
CICERO, Antonio. "Huis clos". In:_____. A cidade e os livros. Rio de Janeiro: Record, 2012.
Um comentário:
O cachorro descansa na relva
Não sabe a beleza que tem
Nem eu que almejo algo longínquo
Distante
Aqui agora
Uma vida inteira
Sem memória.
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