3.10.20

Diogo Bernardes: "Cantiga III"

 



Cantiga III



No meu peito o meu desejo

Da razão se fez tirano,

Vejo nele certo dano,

Incerto remédio vejo.



Voltas


Para de todo perder-me 

Este mal por passar tinha, 

Ir eu contra a razão minha 

Que morre por defender-me. 

Da parte do meu desejo 

Me passo, para meu dano, 

Vejo que nisso m'engano, 

Mas nenhum remédio vejo.

Se lhe quero resistir, 

Trata-me com mais crueza, 

Ou com força ou natureza 

Sua lei me faz seguir. 

Imigo mortal o vejo 

De razão e desengano, 

Dele me vem todo o dano,

E eu por ele me rejo.




BERNARDES, Diogo. "Cantiga III". In: SILVEIRA, Francisco Maciel (org.). Poesia clássica. São Paulo: Global Editora, 1988. 

Um comentário:

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Poção

Melhor que a flor roubada
trago-te
Essa poção
Ingredientes
Ervas
Flores, amoras
Aroeira
Lua banhada em luz de Marte
Um pouco de razão
E uma porção de criaturinhas
Verdes, amarelas e azuis.

(Verso para Adriana Calcanhotto pelo seu aniversário)